O que vamos fazer com o nosso poder?
O que vamos fazer com o nosso poder?
Vivemos tempos desafiantes!
A maioria das pessoas está em busca de uma pílula mágica que permita que tudo volte á normalidade, mas a qual normalidade se referem, pergunto eu?
Aquela normalidade em que vivemos escravos do trabalho, do ordenado e da infelicidade de fazermos o que não gostamos? A normalidade em que cedemos todo o nosso poder aos governantes, às instituições, à família ou à religião? Ou a normalidade na qual, ao cedermos o nosso poder nos consideramos vítimas do sistema, sentindo-nos depois no direito de julgar, criticar e cobrar de tudo e de todos, sempre que as coisas não estão de acordo com as nossas expectativas?
A qual normalidade queremos voltar?
Será que é aquela em que nos mantemos inconscientes e adormecidos, vivendo no apego do prazer momentâneo, dos bens materiais e tecnológicos, da não aceitação do nosso corpo, na margem de conforto, ou dizendo melhor, na margem de negligencia, negando a vida em prol da sobrevivência?
Sim porque, viver e sobreviver são duas coisas bem distintas!
A maioria das pessoas sobrevive, mas não vive! Sobrevive porque o medo controla a sua vida, o medo infiltra-se nos seus relacionamentos, nos seus pensamentos e sonhos não realizados! Tem medo de perder, medo de amar, medo de se entregar, medo de não corresponder a expectativas, medo de desiludir, de não ser perfeito, medo de não controlar, medo de não ser bom o suficiente, medo de não ser reconhecido e a lista é infinita…
Ancorado na falta de amor e de valor próprio, o medo constrói subtilmente muralhas de defesa à nossa volta e cria máscaras que não nos permitem revelar quem verdadeiramente somos, com medo de que o mundo não goste e não compre!
É a essa normalidade que queremos voltar?
A uma normalidade que gera aprisionamento, prepotência, separação, poder sobre o outro, desequilíbrio, dependência, escravidão fisica e emocional?
Já repararam que os grandes avanços na história aconteceram quando fomos empurrados pelas circunstâncias externas a dar passos rumo ao desconhecido, quando nos tivemos que adaptar, reinventar, criar novas soluções, novas perspectivas, quando deixamos ir o velho, crenças, preconceitos e sentimentos que já não serviam para acolher o novo, gerador de um novo ciclo?
O que acontece quando queremos aprisionar uma energia que existe para estar em constante fluxo e movimento? Ela acumula pressão e explode, gera caus, desordem, dor e sofrimento! Mas só acontece porque foi aprisionada!
Nós seres humanos somos construídos de energia que está em constante movimento e quando nos apegamos a algo e não queremos deixar ir, o que acontece?
Não lhe preciso dar nome, pois todos o estamos neste preciso momento a viver e a sentir na pele!
Então, a que normalidade queremos voltar?
O mundo inteiro está neste momento a suster a respiração para ver se a resposta externa chega e podemos voltar á normalidade, quando a resposta só pode vir de um só lugar: de dentro de nós, pois a resposta externa só perpetuará o que esta nossa criação coletiva veio para transformar: o Ser Humano e a Humanidade!
Mas isto passa por uma premissa muito importante que, na verdade, é única e pessoal para cada indivíduo: QUEM SOMOS e O QUE FAZEMOS AQUI?
Mas lembro que esta é apenas a minha visão e que eu não sou de todo detentora de nenhuma verdade, aliás, ninguém é.
É nessa premissa de acedermos e partilharmos a nossa verdade, mas ao mesmo tempo, reconhecermos e aceitarmos a verdade do outro, que sinto a criação deste novo mundo!
A questão do que fazemos aqui, leva-me a algo existencial que toca a maioria de nós! A felicidade! E tem a ver com a pergunta que coloquei inicialmente: A que normalidade queremos voltar?
Quando nos colocamos a pergunta do que queremos da vida, a maioria das pessoas responde querer ser feliz! Só que acho também que a maioria das pessoas confunde felicidade com segurança! E para mim isso são duas coisas bem distintas, uma tem a base na liberdade da essência e a outra no medo da sobrevivência.
Quando estamos adormecidos e inconscientes para o facto de que somos os criadores da nossa vida, a busca da felicidade pode ser uma verdadeira montanha russa emocional, pois entregamos ao externo o enorme poder de nos fazer feliz e a nossa vida vira um Ping Pong constante, da gestão emocional das expectativas que projectamos nos demais!
E quando o externo defrauda estas nossas expectativas, como o que está a acontecer neste momento com o desafio coletivo que estamos a viver, mergulhamos num abismo de crise emocional, gerando em nós um enorme sofrimento.
Sofremos porque perdemos o que achamos ser o controlo da nossa vida! Queremos seguir com a vida que conhecemos, manter as formas e rotinas tanto individuais como coletivas da sociedade, o nosso trabalho, a economia, a política, a religião, os mesmos padrões, as mesmas crenças, pois isso transmite-nos uma sensação de segurança e segurança é, para muitos, a base da felicidade. Recordemos que o nosso corpo quer apenas sobreviver!
Então, quando algo vem destruir esse controlo e essa segurança, a que chamamos felicidade, queremos que alguma coisa ou alguém restabeleça a ordem, o que existia antes, para que a “felicidade” regresse e tudo volte á normalidade!
Como quando ficamos doentes e não queremos, ou não nos permitimos parar. Nesses casos tomamos um medicamento, para nos livrarmos dos sintomas e seguirmos com a rotina. O medicamente retira os sintomas e as sensações de desconforto, criando a falsa ilusão de que tudo está bem, que estamos curados e, portanto, novamente seguros e em controlo.
Escolhemos ignorar o sinal, a causa e a aprendizagem contida naquele expressar do corpo. Apenas queremos não sentir o desconforto do sintoma, escolhemos não olhar a mensagem, muitas vezes por medo do que virá, por querer manter o controlo, porque estamos em modo de sobrevivência e olhar, ás vezes, rompe os nossos limites.
Só que ao negar a causa, a raiz, o processo que está por trás e desperta toda a aquela situação, estamos a negar a nossa própria transformação. Ao nos mantermos no apego ao passado, no controlo do mundo conhecido, que gera a falsa sensação de segurança e felicidade, estamos a negar aquilo que é a nossa condição existencial primordial: que somos seres em constante evolução e transformação, assim como a própria humanidade.
Só que esta mudança e transformação não começa no mundo de fora, mas dentro de cada um de nós!
E isso leva-nos para a questão sobre quem somos e de que forma essa questão é importante para a pergunta inicial sobre, a que normalidade queremos voltar?
Tudo para mim é espiritualidade, pois tudo é vibração, energia e a sua expressão na matéria! Somos seres espirituais, com o objetivo de nos expressarmos, experimentarmos, integrarmos e transformarmos constantemente…Este é o ciclo que rege todos os fenómenos do universo e que está em constante fluxo, manifestando-se tanto nas nossas vidas e nos nossos processos de evolução internos, como em toda a natureza e no próprio cosmos.
O que estamos a viver coletivamente é mais um ponto de viragem neste ciclo de eterna evolução! Mas porque está a ser tão difícil, gerando tanta dor e sofrimento?
Para mim é porque estamos tão apegados ao passado, á ordem estabelecida, ao que conhecemos, à nossa forma de viver dos últimos milhares de anos e que o nosso corpo reconhece e regista como o lugar seguro da sobrevivência, que dar o salto de fé rumo a um futuro desconhecido se torna tão difícil para tantas pessoas!
Para mim, o passado é muito importante, pois nele estão as raizes de quem somos, aqui e agora! Tudo o que vivemos, o conhecimento que geramos, as experiências positivas e negativas são a herança de quem somos enquanto, indivíduos, espécie e civilização. Todas as experiências são importantes ferramentas que podem e devem ser utilizadas como combustível para o motor da nossa evolução!
Mas esta evolução e transformação só acontece quando aprendemos com o passado, mas ao mesmo tempo nos desapegamos dele, permitindo que um novo futuro seja gerado, no aqui e agora do presente.
O tema deste artigo é ONDE COLOCAMOS O NOSSO PODER?
Coloco aqui tres respostas:
- Podemos permanecer adormecidos para quem somos e entregar todo o nossos poder ao mundo externo, tornando-nos vitimas do sistema e gerando profundo sofrimento em nós próprios e em quem nos rodeia pela inconsciência das nossas emoções;
- Podemos tornar-nos conscientes, sabendo que somos os criadores da nossa vida e assumindo a responsabilidade daquilo que a vida nos trás, mas lutando para mudar o passado, a sociedade, a economia, a politica, a religião, etc e querendo construir em cima dessa mudança;
- ou podemos tornar-nos conscientes que somos os criadores da nossa vida, assumindo a responsabilidade de tudo o que ela nos trás, sem querer mudar nada do passado e apenas utilizar o conhecimento e as ferramentas que ele nos deu para criar algo novo no futuro.
Pode parecer que a 2ª e 3ª respostas são idênticas, mas elas são completamente antagónicas: quando queremos mudar algo ou lutar contra algo, mesmo que seja por uma boa causa, pela paz, por exemplo, só estamos a intensificar a energia daquilo que queremos mudar, pois estamos nessa mesma vibração! E é a vibração interna que cria a realidade!
Na 3ª resposta, estamos a gerar algo novo, que vem de uma vibração de criatividade, de transformação pela criação, da experiência do desconhecido!
Eu voto nesta! E tu?
ONDE DESEJAS COLOCAR O TEU PODER?
Pensa bem na resposta! Recordo que o mais difícil é sermos honestos com nós próprios, mas que o caminho começa por ai mesmo, abrir a porta da vulnerabilidade, pois só na entrega e rendição de quem somos, do reconhecimento, aceitação e amar de todas as partes de nós, podemos iluminar as nossas sombras e iniciar o nosso verdadeiro caminho de transformação! Só através da honestidade e da aceitação, acendemos a chama do nosso poder interior e nos tornamos criadores de realidades!
Só através da aceitação nos podemos tornar seres coerentes, alinhando o que pensamos, com o que sentimos e o que fazemos! Só através da aceitação podemos expressar verdadeiramente a essência, quem somos e manifestar ao mundo o que viemos dar e receber.
E o barómetro? Onde está a prova se somos coerentes ou não?
Está na própria vida, no espelho da realidade à nossa volta, pois o mundo de fora, as pessoas e situações que atraímos à nossa vida refletem quem somos dentro de nós!
A vida não reflete e nos dá o que desejamos, mas sim quem somos. Tudo é por vibração e sintonia e o que damos, o universo retribui, exatamente na mesma vibração!
Não podemos mudar o mundo, mas temos o enorme poder de mudar a nós próprios e através da nossa própria transformação, podermos sim, ajudar na transformação da humanidade e do nosso planeta!
Lei da correspondência: Assim dentro como fora, assim fora como dentro!
Passa pela escolha de viver uma vida consciente ou inconsciente, de querermos viver despertos ou adormecidos, por escolhermos ceder o nosso poder ao externo ou de uma vez por todas reconhecermos o poder interno da nossa criação!
Quando nos empoderamos e fazemos arder a chama do poder interno, tomamos consciência do Eu Sou e da sagrada trindade: a unidade de Mente, Emoção e Corpo, Espírito, Alma e Matéria!
Somos projetos humanos em desenvolvimento e na redescoberta da nossa própria divindade, vamos libertando a essência do aprisionamento do medo da sobrevivência, e acolhendo o nosso enorme potencial: somos parte do criador e como Ele, temos o enorme poder de criar!
O QUE VAMOS FAZER COM O NOSSO PODER?
Só cada um sabe, mas tenho confiança na Humanidade, que significa UMA = UNIDADE, pois não só somos Deus, o criador, ou o que quer que desejemos chamar-lhe, mas somos UM, diferentes perspetivas da mesma mente que na diversidade do cosmos se experimenta para se conhecer, através da única energia que existe: aquela a que nós humanos chamamos, Amor!