Escuta e Orgulho
Escuto pouco,
Porque falo demais…ou
Escuto demais,
Porque não falo de todo…
Muitas vezes sinto o impulso para verbalizar, terminar as palavras e as frases do outro…como se por magia soubesse…
Escuto pouco,
Porque falo demais…
Voz do Ego: – “Ele é pequeno, sabe menos e eu sou grande, tenho mais conhecimento…e porque sei, por isso falo!”
Melhor ainda…muitas vezes sinto o impulso não só para falar, mas também para dar conselhos, para dizer às pessoas como devem viver as suas vidas, o que devem fazer, o que é melhor para elas…como se por magia soubesse…
Falo demais,
Porque escuto pouco…
Voz do Ego: – “Ele é pequeno, sabe menos e eu sou grande, tenho mais experiência…e porque sei, por isso falo!”
Mas por vezes falo pouco, ou não falo de todo…não porque quero escutar, mas porque as palavras se esmagam na garganta e não saem da boca…ficando retidas pelo medo de errar, de dizer o que não é certo, perfeito, especial, inteligente!!!!
Falo de menos,
Porque escuto demais…
Voz do Ego: – “Ele é grande, sabe mais e eu sou pequeno…não sou o suficiente, os outros são melhores do que eu…porque não sei e por isso não falo!”
Achava que estava a escrever sobre escutar, mas parece que é do orgulho que estou a falar, verdade?
O orgulho mal-usado, de me sentir pequeno perante mim e querer ser grande perante os outros;
O orgulho mal-usado de não me sentir visto por mim e querer ser visto pelos outros;
O orgulho mal-usado de não me valorizar a mim e querer ser reconhecido pelos outros;
O orgulho mal-usado de não me amar dentro de mim e por conseguinte, cobrar esse amor de tudo e de todos, ficando preso no emaranhado do Ego, que em desequilíbrio grita e esperneia por sobreviver, querendo ser á viva força o comandante do nosso barco, falando e escutando quando lhe convêm!
Quando observamos o comportamento de um tímido e de um arrogante, um fugindo, o outro atacando, apesar de na superfície parecerem antagónicos, verificamos que, na realidade, os dois partilham a mesma causa, o mesmo sofrimento…o comportamento de ambos refle apenas a falta de amor e valor que sentem por eles mesmos, querendo ser especiais aos olhos do mundo: o tímido não se permitindo, por achar que tem de ser perfeito, o arrogante ocupando todo o espaço, por achar que é perfeito!
Mas não deitemos as culpas ao orgulho, que como tudo na vida, temos a escolha de equilibrar ou desequilibrar!
Então, paro, observo-me, sinto-me, escuto-me…
Respiro e penetro-me.…dissolvo-me, deixo-me ceder, soltar…caminhar…com bondade…pois somos seres em construção por fora, no que em essência já É!
E no silencio da pausa, permito-me escutar, não só a voz de fora que me reflete, mas a voz de dentro que me acolhe, me reconhece, me aceita, me abraça e me ama…
E nesse momento, percebo que apenas me expando para regressar a mim, me projeto, para me reencontrar, e que sofro, apenas para naquele instante, me permitir descobrir e integrar, mais uma parte de mim…
Reconheço que o caminho da escolha consciente de o que…porquê, para quê, como, quando, com quem, onde, de que forma…falar, escutar, ou silenciar é uma verdadeira arte na grande aventura da vida…mas o que seria de nós humanos sem a curiosidade, os desafios, a experiencia e a busca de nos transformarmos e evoluirmos a cada dia que passa…?
Fica a partilha…